Reencarnação é uma ideia central de diversos sistemas filosóficos e religiosos, segundo a qual uma porção do Ser é capaz de subsistir à morte do corpo. Chamada consciência, espírito ou alma, essa porção seria capaz de ligar-se sucessivamente a diversos corpos para a consecução de um fim específico, como o auto-aperfeiçoamento ou a anulação do carma. A reencarnação pode ser definida como a ação de encarnar-se sucessivas vezes, ou seja, derivada do conceito aceito por doutrinas religiosas e filosóficas de que, na morte física, a alma não entra num estágio final, mas volta ao ciclo de renascimentos. Heródoto menciona esta doutrina como sendo de origem egípcia, sendo que nessa concepção a reencarnação se dava instantaneamente após a morte, passando a alma para uma criatura que estava nascendo (que poderia ser da terra, da água ou do ar), percorrendo todas as criaturas em um ciclo de três mil anos.[2][3]
A reencarnação encontra defesa na filosofia desde Pitágoras. Atualmente, este conceito é aceito por filosofias e religiões do mundo todo, em especial na Ásia. É chamada também de transmigração da alma e metempsicose (esta última denominação é mais encontrada em filosofias orientais em que admite-se que alma pode regressar em corpos de animais).
Objeto de estudo da pseudociência da parapsicologia, o consenso científico atual não suporta as alegações deste e de outros supostos fenômenos paranormais.
A reencarnação é um dos pontos fundamentais de religiões do Egito Antigo, do hinduísmo (já pregava esse conceito 5 mil anos antes de Cristo), do Budismo[5], do jainismo, do sikhismo, do raoísmo, do Culto de Tradição aos Orixás (Òrìsà), de várias tradições indígenas[6], do Vodu, da Cabala judaica, do rosacrucianismo, do espiritismo e suas dissidências, daTeosofia, da Wicca, do Eckankar, da Cientologia, da filosofia pitagórica, da filosofia filosofia socrática-platônica, etc. Existem vertentes místicas do cristianismo como, por exemplo, o cristianismo esotérico, que também admitem a reencarnação. É comum a concepção de que o budismo[7] pregue a reencarnação, no entanto essa noção tem sido contestada por algumas fontes budistas. Para mais detalhes veja renascimento.
Reencarnação e cristianismo
Diversos estudiosos espíritas e espiritualistas defendem que, durante os seis primeiros séculos de nossa era, a reencarnação era um conceito admitido por muitos cristãos. De acordo com eles, numerosos Padres da Igreja ensinaram essa doutrina e apenas após o Segundo Concílio de Constantinopla (553) é que a reencarnação foi proscrita na prática da igreja, apesar de tal decisão não ter constado dos anais do Concílio. Afirmam ainda que Orígenes (185-253 d.C.), que influenciou bastante a teologia cristã, defendeu a ideia da reencarnação,[14] além dos escritos deGregório de Nissa (um bispo da igreja cristã no século IV) entre outros. Entretanto, segundo os teólogos cristãos tais afirmativas carecem de fundamentação histórico-documental. Por isso, os teólogos cristãos não só se opõem à teoria da reencarnação, como, também, à ideia de que ela era admitida pelos cristãos primitivos. Argumentam que não há referências na Bíblia, nem citações de outros Padres da Igreja, e que as próprias afirmações de Orígenes e de Gregório de Nisa aduzidas pelos estudiosos espíritas e de outras crenças espiritualistas, não são por aqueles citadas senão para as refutarem. Por outro lado, com base na análise da atas conciliares do Concílio de Constantinopla, constatam que os que ali se reuniram sequer citaram a doutrina da reencarnação - fosse para a afirmar ou para a rejeitar. Contra a reencarnação, os teólogos cristãos ainda citam Hebreus 9:27, o episódio dos dois ladrões na cruz em Lucas 23:39-44, aparábola do rico e Lázaro e Jó 10:21.
Passagens do Novo Testamento, como Mateus 11:12-15, Mateus 16:13-17 e Mateus 17:10-13, Marcos 6:14-15, Lucas 9:7-9 e João 3:1-12 são citadas por espíritas e muitos outros espiritualistas como evidência de que Jesus teria explicitamente anunciado a reencarnação.
Tanto a Igreja Católica como os protestantes em geral denunciam a crença na reencarnação como herética.
As Testemunhas de Jeová rejeitam a ideia de reencarnação. Ao contrário disso, as Testemunhas de Jeová creem no que a Bíblia ensina em «Há de haver uma ressurreição» (Atos 24:15). Elas acreditam que a alma humana não é imortal, mas sim mortal e destrutível. A morte como sendo o oposto da vida, isto é, a inexistência em contraste com a existência. Deus disse claramente que os mortos voltariam para o lugar de onde vieram — o pó da terra: «Dele foste tomado. Porque tu és pó e ao pó voltarás» (Gênesis 3:19). Assim, as Testemunhas de Jeová acreditam e ensinam que os mortos estão num estado de inexistência e que a mesma pessoa voltará a viver, não no mundo como está hoje, mas num mundo purificado por Deus, numa sociedade realmente justa, no futuro, aqui mesmo na Terra e receberão a vida eterna como humanos perfeitos.
O cristianismo esotérico, por outro lado, admite e endossa abertamente a reencarnação - que é, inclusive, um dos pilares de sua doutrina. As teses reencarnacionistas, portanto, independentemente de serem corretas ou não, não encontram apoio na tradição judaico-cristã, cuja ortodoxia doutrinária as considera, na verdade, importações de outras tradições, tal como o hinduísmo e o budismo.
Existem provas históricas de que a doutrina da reencarnação contava com adeptos no antigo judaísmo, embora somente após escrita do Talmud - não há referências a ela neste livro, tampouco se conhecem alusões em escrituras prévias. A ideia da reencarnação, chamada gilgul, tornou-se comum na crença popular, como pode ser constatado na literatura iídiche entre os judeus ashkenazi. Entre poucos cabalistas, prosperou a crença de que algumas almas humanas poderiam reencarnar em corpos não-humanos. Essas ideias foram encontradas em diversas obras cabalísticas do século XIII, assim como entre muitos escritos místicos do século XVI. A coleção de histórias de Martin Buber sobre a vida de Baal Shem Tov inclui várias que se referem a pessoas reencarnando em sucessivas vidas.
Espiritismo[editar | editar código-fonte]
O espiritismo é grande divulgador da doutrina da reencarnação no Brasil e na maioria dos países ocidentais, defendendo que a reencarnação é um processo obrigatório até o espírito não precisar mais reencarnar e isso se dá quando ele se torna um espírito puro. A reencarnação é uma oportunidade para o espírito se aperfeiçoar, intelectualmente, através do trabalho e estudo, e moralmente, através do amor ao próximo, ou seja, caridade. Assim, ela é vista como uma bênção pelo espírito, pois é uma oportunidade de progresso. Além de trabalhar para o seu desenvolvimento, o espírito quando reencarna, também vêm expiar faltas que cometeu em encarnações anteriores. Por exemplo, um assassino em série poderá reencarnar sem os braços e sem as pernas, para que aprenda a amar mais o seu próximo, pois nessa condição precisaria constantemente dos outros; ou por exemplo, uma mãe que menosprezou seu filho, poderia reencarnar em uma família que a menosprezasse, compelindo-a a repensar seus atos. Cada reencarnação é minuciosamente planejada pelos espíritos superiores, para dar a máxima oportunidade do espírito reencarnante de se desenvolver, e obter o máximo de proveito de sua encarnação.
Para o espiritismo, a reencarnação é uma prova da justiça de Deus, que dá inúmeras oportunidades para o espírito se aperfeiçoar, em vez de mandá-lo para o céu, ou o inferno eterno porque simplesmente nasceu em uma família que não lhe deu a educação adequada. Segundo essa mesma doutrina, se o espírito se entrega à corrupção dos valores ético-morais, ele terá "incontáveis" oportunidades de se aperfeiçoar, angariando parte das consequências funestas, pelos crimes que cometeu, para suas próximas reencarnações.
fonte://wikipedia